v. 2 n. 1 (2022)

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Volume 2, Número 1, Ano: 2022, ISSN: 2965-1522
DOI: https://doi.org/10.29327/2309399.2.1

EDITORIAL

O que significa um país sem democracia? O que significa termos nossa liberdade restringida? Muitos aqui podem não ter vivido ou lembrarem vagamente dos tempos de ditadura militar no Brasil, mas é nosso papel lembrar sempre dos horrores daquele momento histórico e continuarmos vigilantes para que ele nunca mais aconteça. Para tanto, é necessário prezar e resistir às tentativas de tolhimento da liberdade. 

Nesse sentido, Paulo Freire e Ira Shor, no livro Medo e Ousadia, descrevem como algumas pessoas têm medo da liberdade e do que ela pode significar, pois ter liberdade significa ter responsabilidade, saber fazer escolhas e arcar com as consequências destas. 

Dentre essas escolhas, estão as eleições de representantes. As eleições para os poderes legislativo e executivo federais e estaduais se aproximam no Brasil. Com isso, também se renovam as nossas esperanças no Estado Democrático de Direito mas, mais do que isso, retomamos as forças para lutar pela ciência, tecnologia e educação no país. Assim, iniciamos este editorial com a reflexão sobre o que caracteriza a luta e a resistência na educação em ciências e matemática? De que maneira elas se concretizam na pesquisa e no ensino? E qual o papel das comunidades científicas e educacionais nos processos de luta e de restabelecimento do desenvolvimento destas esferas? 

Tratam-se de questões complexas, mas necessárias, na medida em que é preciso retomarmos as ações de luta, que foram subestimadas ao longo destes anos de obscurantismo na política. A pandemia também teve um papel importante na desarticulação das forças democráticas e na luta por justiça social e redução das desigualdades. A falta de direcionamento de políticas públicas para saúde e educação resultaram em mais de meio milhão de mortes e o desmantelamento do ensino público em todas as regiões do país. E tudo isso nos encheu de medo, mas não o suficiente para nos imobilizar.

Porque, seguindo o pensamento de Freire e Shor, só tem medo, quem tem sonho! No nosso caso, sonho por dias melhores e mais justos, com mais investimentos em ciência e educação, com menos desigualdades e mais amor. Assim, prosseguindo com nosso sonho e nossa resistência, lançamos o segundo volume do primeiro ano da Aondê: Revista de pesquisa em educação em ciências e matemática, ligada ao Programa de pós-graduação em educação em ciências e matemática da UFSCar campus Araras. No sentido de que os resultados, produtos e orientações que apresentamos colocam em debate as políticas educacionais e os modos de se educar uma sociedade, com vistas a formar pessoas livres e aptas a compreender e participar dos processos decisórios. Também reafirmamos nossa responsabilidade neste processo, ao incentivarmos a construção e a divulgação do conhecimento produzido na área.

 

Assim, os artigos selecionados para este volume da revista foram inicialmente apresentados no III e IV Encontros de Educação em Ciências e Matemática, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática da UFSCar, campus Araras. No entanto, os trabalhos foram reformulados e avaliados de acordo com os critérios da revista, com a avaliação às cegas e a editoração necessárias.

Para este segundo volume, ressaltamos que, tal qual o número anterior da revista, há diversidade de temas, de tipos de pesquisa, de níveis de ensino abordados, de referenciais teóricos apresentados, além da origem de autoras e autores, o que possibilita ao leitor um amplo olhar para área de ensino de ciências e matemática. Há pesquisas bibliográficas, documentais, de campo, análise de materiais didáticos, bem como relatos de experiências que dão este caráter amplo e diverso da publicação, aspectos pelos quais prezamos e esperamos poder dar continuidade ao longo da existência da Aondê.

Nataly Carvalho Lopes

Isabela Talora Bozzini

Estéfano Vizconde Veraszto

Editores

Publicado: 2022-08-24